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Terrorismo das barragens: Vale realiza treinamento de evacuação em Macacos sem avisar população

  • gabinetedecrisecom
  • 10 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

Treinamento realizado ao redor das barragens B3 e B4 gerou apreensão e indignação nos moradores da área; estruturas estão em nível 3 de alerta, ou seja, risco iminente de rompimento

Complexo da mineradora é colado à áreas habitadas. Imagem: Google Maps

A mineradora Vale segue tirando o sono e a tranquilidade dos moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima. Na última semana, a mineradora realizou um treinamento de evacuação sem avisar previamente a população. O ocorrido gerou apreensão e revolta na comunidade que denunciou a postura da empresa.


Dias antes, cinco famílias próximas a barragens da Vale foram retiradas de suas casas devido ao aumento da mancha de inundação das estruturas.


“As pessoas não haviam sido avisadas que haveria esse treinamento de evacuação das obras. A mensagem é alarmante. Gera uma grande apreensão nas pessoas, porque a gente precisa cumprir uma obrigação que é da empresa”, afirmou Fernanda Tuna, moradora de Macacos, à reportagem do Estado de Minas.


Segundo ela, foi a segunda vez que a Vale realiza um simulado sem informar a população.

“Já houve esses exercícios sem aviso. Nessa época, que aconteceu a maior confusão, a Vale passou a liberar um cronograma desses exercícios de evacuação. Mas, isso foi antes da pandemia. O último cronograma nem lembro quando foi compartilhado”, reclama Fernanda.


Os treinamentos acontecem porque operários da Vale trabalham ao redor das barragens B3 e B4, na Mina de Mar Azul, na construção de uma barreira de contenção. As barragens, coladas uma a outra, estão no nível 3 de alerta – risco iminente de rompimento – desde março do ano passado.


A ambientalista Lílian Miranda Costa, outra moradora de Macacos, afirma que há mais de 90 dias convive com o barulho de helicópteros da empresa sobrevoando a comunidade. Para ela, a situação é de desespero: “acionar sirenes e retirar pessoas de suas casas tornou-se um hábito natural para concretização dos projetos de expansão da Vale, em todos os lugares... não se sabe mais o risco real, e não há como confiar em ninguém”, lamentou.


Para Costa, trata-se do plano de expansão a qualquer custo da Vale na região. Além disso, as obras faraônicas na Mina Mar Azul, como o muro de contenção construído para segurar a lama em caso de rompimento, geram muitas dúvidas sobre sua efetividade. Estudos apontam que o muro pode causar um efeito inverso ao esperado e ameaça moradores da parte mais baixa do distrito com um possível refluxo das águas.


A empresa não informou o motivo pelo qual não houve comunicação prévia com a comunidade.


Comunicação deficiente

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) precisou intervir na comunicação entre Vale e moradores. Assim, o MPMG assinou com a mineradora um novo acordo para ampliar a comunicação sobre os riscos que circundam as barragens da empresa localizadas nos arredores de Macacos.


O documento diz respeito às barragens B5, Taquaras, B3/B4, B6, B7 e Capão da Serra (Minas Mar Azul, Mutuca e Tamanduá), que, se romperem, podem potencialmente impactar a região.


Uma das mudanças promovidas pelo acordo diz respeito às placas informativas que indicam as rotas de fuga. Hoje, esses equipamentos só informam em português. A intenção do MP é que a Vale também forneça itens em inglês e espanhol.


O mesmo processo acontece com cartilhas informativas. Os cartões deverão ser entregues nos três idiomas a proprietários de restaurantes, bares e hotéis de Macacos.

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