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Sociedade se organiza para aprofundar debate sobre crimes da Vale

  • gabinetedecrisecom
  • 8 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Pesquisadores, comunicadores e população atingida busca quebrar bloqueio e denunciar violações de direitos ocasionadas por megaprojetos. Os megaempreendimentos, mesmo os mais perigosos como uma usina nuclear, ainda são disputados por empresas e diversos gestores públicos em todo o Brasil.


Depois de dois grandes desastres, como os crimes da mineradora Vale, que aconteceram na bacia dos Rios Doce e Paraopeba (afluente do São Francisco), fica evidente que é preciso começar a repensar o real valor de algumas dessas obras na economia, na saúde e na vida das pessoas.


“No rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, de responsabilidade da mineradora Vale, em 25 de janeiro de 2019, identificamos mais um caso em meio à epidemia de crimes sociais e ambientais, cuja causa é sempre a mesma: a busca pela maximização dos lucros e a subestimação de riscos.


Este paradigma levou à tomada de decisões equivocadas, negligentes e irresponsáveis”, diz trecho do editorial da Revista Manuelzão 84, uma das iniciativas da sociedade civil que vem buscando debater e aprofundar a situação das barragens em Minas Gerais, desde muito antes dos crimes de Mariana e Brumadinho.


Situação de Barão de Cocais

Mais um rastro de mortes humanas e ambientais pode acontecer em Barão de Cocais (MG), mas a Vale, o Estado, a mídia comercial e os próprios órgãos públicos de defesa dos cidadãos utilizam informações de interesse privado como se fossem dados oficiais e de interesse público, conforme destacado nesse blog dentro do site de CartaCapital.


Ainda é preciso muito trabalho para mostrar todo o dano causado em Minas Gerais e em todo o Brasil pelas barragens e especialmente para conseguir efetivar políticas que diminuam os riscos de novos acidentes. Afinal, só em Brumadinho, foram perdidas 246 vidas humanas – pelo menos 33 pessoas ainda estão desaparecidas e talvez um número ainda maior de vítimas não registradas.


Tragédia provocada

No primeiro episódio da série Treme, o personagem vivido por John Goodman (o professor da Tulane University Creighton Bernette) expõe toda sua fúria ao ser questionado por um repórter de televisão se a destruição de Nova Orleans teria sido um desastre natural: “O que atingiu a costa do Rio Mississipi foi um desastre natural, um furacão pura e simplesmente. Mas a inundação de Nova Orleans foi uma catástrofe causada pelo homem, uma besteira (“Fuckup” no original em inglês) federal de proporções épicas”.


A produção da HBO começa três meses após o Katrina, o furacão que destruiu 80% de Nova Orleans (Louisiana) e causou cerca de 1.800 mortes nos Estados Unidos, em 2005. A ficção parece ter imaginado que após 90 dias as empresas de jornalismo já teriam esgotado sua sede de mostrar a desgraça. Assim, passa a destacar a luta dos moradores de uma cidade ainda destruída pelo rompimento da rede de canais criados justamente para manter segura a população de uma das regiões mais negra, pobre e cheia de riquezas culturais dos Estados Unidos.


Se na ficção os moradores de Nova Orleans têm de lutar durante anos contra as irregularidades da Fema (Agência Federal de Gestão de Emergências dos Estados Unidos, na sigla em inglês), na realidade aqui no Brasil a Vale é quem tem causado várias dificuldades para a reparação dos danos causados à populações de Minas Gerais, do Espírito Santo e até de cidades nordestinas banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Historicamente o poder público se omite da sua função reguladora e a empresa foi privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso.


Na edição de maio da revista Chico, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o presidente do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas, Marcos Vinícius Polignano, diz: “O rompimento da barragem de Brumadinho é de responsabilidade da empresa, do Estado e do poder público. Depois de três anos (desde o rompimento de outra barragem, em Mariana), estamos aqui falando o mesmo do mesmo, ouvindo quase que as mesmas declarações, para dizer de uma situação em que estamos enterrando rios e pessoas. É inadmissível que continuemos a fazer esse tipo de política pública”.


Erros que continuam a se repetir.

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