Dia do Rejeito leva bolo de lama ao Ministério Público e Memorial Vale
- gabinetedecrisecom
- 13 de nov. de 2019
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Ativistas de diversos movimentos socioambientais realizaram, no último dia 5, o Dia do Rejeito, em protesto contra a impunidade da Samarco pelo rompimento da barragem em Bento Rodrigues, em 2015, que deixou 19 pessoas mortas. Maior desastre ambiental da história do país, o rompimento completou quatro anos na data, lembrada pelos manifestantes com um bolo de lama ao Ministério Público do estado e ao Memorial Minas Gerais Vale.
Os atos na frente do MP e na Praça da Liberdade também expressaram indignação com o sinal-verde concedido à Samarco para voltar a operar em Mariana, anunciado 10 dias antes do rompimento em Bento Rodrigues completar quatro anos. Os ativistas levaram cruzes em memória às vítimas e faixas, distribuíram panfletos e fizeram intervenções artísticas. Até o momento, nenhuma pessoa foi condenada e os responsáveis não responderão por homicídio.
Para a ambientalista Maria Teresa Corujo o ato fez-se necessário pela lentidão no julgamento dos responsáveis e no processo de reparação realizado pela Fundação Renova, criada pela Samarco após o rompimento. “Enquanto a Samarco já pode voltar a atuar em Mariana, os atingidos diretos não foram nem mesmo reassentados. O Rio Doce e sua população ribeirinha sofreram impactos até o mar, o povo Krenak ficou sem o Rio Watu, sagrado para eles e até hoje quase nada foi recuperado”, comentou.
Neste ano, o Dia do Rejeito também foi realizado em Itabira, cidade onde nasceu a mineradora Vale, que controla a Samarco junto da anglo-australiana BHP Billiton. O evento foi organizado pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração. Na Praça Acrísio, foram pregadas faixas e panfletos foram distribuídos com informações sobre o desastre, reivindicações do comitê e discussões em torno dos impactos trazidos pela mineração.
Em Belo Horizonte, participaram dos protestos ativistas do Gabinete de Crise Sociedade Civil, Movimento Pelas Serras e Águas de Minas, Movimento Parque Jardim América, Movimento Pela Preservação da Serra do Gandarela, entre outras entidades. O evento foi idealizado pela primeira vez em 2016 e seu nome faz alusão a sentidos distintos da palavra rejeito, um da lama depositada nas barragens e outro, a rejeição ao crime, a impunidade, às violações e aos impactos da mineração em Minas Gerais.
Tragédia continua
Também na última semana, a Agência Pública revelou que a poeira, assim como o solo superficial, em distritos de Mariana e Barra Longa, está contaminada com metais pesados; informação que o governo de Minas e a Fundação Renova têm desde maio e março, respectivamente. Mais pesquisas serão feitas nos municípios de Rio Casca, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Governador Valadares. Segundo informações do Jornal Metro, somente 2,6% de todo rejeito liberado no rio Doce, 62 milhões de metros cúbicos de lama, foi retirado.
Sem previsão para julgamento
Quatro anos após o crime, ainda não há previsão para julgamento dos responsáveis e todos os réus aguardam julgamento em liberdade. Em abril deste ano, as acusações de homicídios foram retiradas da ação penal e os acusados não irão mais a júri popular pelas mortes de 19 pessoas. Samarco, Vale e BHP Billiton Brasil responderão a pelos mesmos 12 crimes ambientais. A VogBr responde por emissão de laudo falso ou enganoso.
Somente sete pessoas foram acusadas nominalmente e responderão pelos crimes ambientais apenas. São elas o presidente da Samarco à época do rompimento Ricardo Vescovi de Aragão, o diretor de Operações e Infraestrutura Kleber Luiz Terra, os gerentes operacionais Germano Lopes, Wagner Alves e Daviely Silva e os membros da governança James Wilson e Antonino Ottaviano.
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