Em manifesto, o Gabinete de Crise argumenta contra a privatização da Copasa
Participa de alguma organização ou movimento civil? Assine o manifesto. Água, item fundamental para a vida, indispensável para qualquer atividade humana e tratada como objeto por aqueles que deveriam proteger este bem maior da humanidade. Sim, a água está numa disputa e posta a venda como um simples relicário, amostra nas prateleiras de um governo quebrado e que entrega seu maior tesouro pela barganha direcionada, exatamente direcionada.
Minas Gerais, de montanhas de nascentes cristalinas e do sujo minério, que como óleo e água não se misturam. De outro lado, as grandes multinacionais tentando dominar todos os recursos naturais para seu bel prazer, do lucro acima de tudo, inclusive desse líquido essencial a vida.
Exemplos mundiais mostram que a privatização está longe de ser um bom caminho, ainda mais se tratando da água. Podemos citar a Europa, em que somente dois países têm a água nas mãos de monopólio privado - Reino Unido e França. Em Paris onde o serviço de água era privado e retornou para setor público por mobilização da população.
O maior exemplo de que a água não deve ser colocada na mão de empresas é a francesa Suez, maior companhia de água no mundo.
A Suez causou problemas em Milwauke, Atlanta e Houston, nos Estados Unidos; em Delphin, na Índia; em Halifa, Canadá; Johannesburgo, na África do Sul; na capital argentina, Buenos Aires e em El Paso e La Paz na Bolívia.
No Brasil, a Suez é acionista majoritária do consórcio que construiu a usina de Jirau no rio Madeira, em Rondônia. A empresa e seus parceiros já foram multados por desmatamento ilegal, além de serem réus em ações civis públicas ajuizadas pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual de Rondônia e organizações da sociedade civil.
Mesmo assim, em meio a pandemia, em meio ao caos e as condições limitadas para exercermos nosso papel de cidadão, nos deparamos com a tentativa do governo de Minas de privatizar a Copasa.
E como sempre, a mais importante constatação é a de que os monopólios privados, nas gestões de água, estão preocupados principalmente com o fluxo de dinheiro que ela proporciona.
A disputa por este bem de direito universal, está entre quem tem consciência de sua importância, quem depende dela para produzir seu alimento, e quem apenas explora os recursos naturais.
Quem luta pela preservação e permanência viva das nascentes e rios, promove sistemas sustentáveis de utilização deste recurso natural. Quem produz seu alimento, fortalece os meios de cultivo sustentáveis e agroecológicos lutando com o agronegócio e a monocultura, a fim de reduzir os impactos hídricos na produção de alimento. Mas, quem explora os recursos naturais, precisa ter lucros, nesta lógica o resultado da privatização visa a produção de lucros.
Vemos durante a pandemia governos isentarem pessoas que pagam tarifa social, exatamente pela importância da água sob aspecto de controle da proliferação do vírus. Isso só foi possível pois a água esta sob controle do estado e não de uma empresa privada.
De certo modo, a água sempre foi privatizada de alguma forma por alguns grupos econômicos e políticos, a diferença é que agora ela está sendo privatizada como uma política de governo, que é quem deveria protegê-la.
Dentro destas colocações, entendemos que a água não pode ser vista apenas como direito, mas, como um meio que dá vida e mantem a vida do planeta. Assim, é fundamental termos força social e participação popular nas decisões que envolvem este bem de direito e que tem direito.
Tem direito ao respeito e preservação, a não poluição, à proteção de nascentes e matas ciliares. A água tem direito a vida para gerar mais vidas e manter as tantas existentes.
A água não pode ser entendida como mercadoria, não deve ser engarrafada nas negociações e tratados, onde se terceiriza a responsabilidade de algo tão essencial a vida.
Participa de alguma organização ou movimento civil? Assine o manifesto.